1/16/2008

Voltarem, muito obrigado!



Eu fui sócio de uma buate no Recife Antigo. A Cult ficava no primeiro andar de um velho prédio que tinha servido como puteiro nos velhos tempos. A estréia foi numa quarta-feira, quando resolvi que seria o dia da seresta (de quinta a domingo haveria dance para os jovens). Quem veio foi o velho Jamelão, então com 85 anos de idade. No dia marcado o local ficou superlotado. Tinha políticos, artistas, gente da rádio e da televisão, uma ex-miss Brasil e Almira Castilho, ex-mulher de Jackson do Pandeiro. Eu estava ansioso, nervoso, torcendo para que tudo desse certo. O som estava legal no palco improvisado e a turma começou a encher a cara bem cedo.
Em determinado momento, chamei meu filho Petrus, e disse pra ele: "Vai buscar Jamelão no hotel". Ele se mandou, e uma hora depois chegou com o cantor e compositor. Não acreditei no que vi. Jamelão estava alquebrado, mal podendo andar, e subiu as escadarias auxiliado pelo meu pessoal de produção. Pensei comigo mesmo: " Fudeu!". Levei o artista para o escritório e ele estava realmente mal. Sentindo muitas dores. Perguntei: "O que está sentindo, mestre?". Ele respondeu: "É a coluna, meu filho. A viagem de avião só fez piorar tudo. Bota uma cadeira no palco....Aiii! Que dor desgraçada!".
Fui para o salão, fiquei olhando a turma se divertir ouvindo um CD de Jamelão. "Cantar e tocar sentado numa cadeira? Não dá!". Aí deu um estalo: "Vou mandar comprar Voltarem de 100mm". Chamei Petrus e pedi para ele procurar uma farmácia do outro lado da ponte. Meia-hora depois ele chegou com o remédio. Fui correndo para junto de Jamelão: "Mestre, esse remédio vai aliviar suas dores. Eu uso de vez em quando.". Ele olhou para a caixa; "Que remédio é esse?". Eu: "Voltarem. O senhor toma um comprimido". Jamelão animou-se: "Vou tomar logo dois para o efeito ser mais rápido". Botou dois na boca, pegou um copo com água e, pumba! Seja o que Deus quiser.
Ele começou o show sendo ovacionado, sentado na cadeira, mas depois de vinte minutos, se levantou e ficou de pé. Começou a cantar dando uma volta pelo pequeno palco, e fez uma apresentação inesquecível. Quando o concerto terminou, ele foi para o escritório junto com Almira, e os dois derrubaram um litro de uísque. Jamelão saiu da Cult com o sol começando a aparecer e se mandou para o hotel levando a caixa de Voltarem. No final da tarde, meio preocupado, liguei para ele: "Como está se sentindo, mestre? Tudo bem?". Ele me respondeu entusiasmado: "Eu estou muito bem, meu filho. Mas vou levar a caixa de remédio, vou tomar outros comprimidos mas de acordo com a bula, muito obrigado pela dica. No Rio eu vou perocurar meu médico". Nos despedimos e dias depois conversamos também por telefone. Ele não procurou o médico, e dizia estar muito bem graças ao Voltarem.


PENSAMENTO MUSICAL

"Canta, passarinho. Canta miudinho na palma da minha mão. Quero ver você cantando, quero ver você voando da palma da minha mão. Meu alegre coração é triste como um camelo. É frágil que nem brinquedo, é forte como um leão. É todo zelo, é todo amor, é desmantelo. É Querubim, é cão de fogo, é Jesus Cristo. É Lampião". (GA)

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