4/25/2008

Quem te viu Sônia Marques!!!!!!!


Eu me lembro bem daquele início de noite em meados dos anos 90. Eu estava sentado diante de minha escrivaninha na redação do caderno de cultura do Diario de Pernambuco. De repente entrou uma mulher, de mini-saia, blusa deixando parte dos seios à mostra, lábios carnudos pintados de batom vermelho, botas de canos longos e cabelo longos com tranças em apliques coloridos. Realmente chamava a atenção.
"Quem é o encarregado daqui?", perguntou ela. "Não tem encarregado", respondi, "tem a editora Leda Rivas, que já foi embora". Era um dia de sexta-feira e eu estava sozinho concluindo algumas matérias. Deixei tudo de lado e começamos a conversar. foi quando ela me disse que se chamava Espírito Santo e que estava no Recife para lançar seu mais recente CD, gravado na Inglaterra, onde ela morava.
Tudo muito bem. Tudo muito bom. Me comprometi a produzir o lançamento de seu disco. Para isso, falei com minha amiga Maria do Céu, proprietária de uma das maiores boates do Recife. Ficou tudo acertado. Levei alguns discos e Do céu, com muito carinho, divulgou o evento. Cobrei cerca de dois mil reais pelo show da "gringa". Maria do Céu perguntou: "Quer levar o dinheiro agora?". "Não. Depois do show a gente se acerta". A apresentação de Espirito Santo (que na realidade nasceu no Recife e se chama Sônia Marques) seria sem ônus para a boate. Mas, como eu havia cobrado um cachê, resolvi que metade seria dela.
Antes do show, na véspera, passei pela boate e Maria do Céu me disse que Espirito Santo havia pego o dinheiro que eu mandara apanhar. "Mas eu não pedi nada adiantado, Maria do Céu!". "Ela me falou que você mandou apanhar o cachê ontem", respondeu do Céu. Fiquei meio decepcionado. Mesmo assim tocamos o barco pra frente. Houve o show, mas Do Santo não se apresentou com uma banda conforme havia acertado. Terminou fazendo dublagem e a apresentação foi um fiasco. Eu fiquei com aquela cara lavada olhando para a minha querida amiga Maria do Céu. Ela: "Não se preocupa não, Wilde", disse ela. "Eu sei que você não é culpado dessa coisa toda que aconteceu".
Espirito Santo voltou para a Inglaterra e depois retornou ao Recife para começar um giro pelo Brasil. Arranjei estadia em hotel. Formei uma banda com meu filho na bateria, uma estudante de música no sax e o namorado dela na viola de doze cordas. Gravamos algumas fitas. As músicas ficaram lindas. Mas, os "shows" foram um fracasso. Ela se apresentava onde queria e chamava o grupo. Repetiu a dose tranbiqueira num outro show que recebeu o dinheiro e nem sequer pagou aos músicos. Por isso, acabei com tudo e não deixei a turma viajar com ela pra São Paulo. Ela se tornou persona non grata ao Recife e outras cidades do Brasil.
Bom, o tempo passou e, no ano passado via a danada se apresentar em Hebe Camargo cantando Asa Branca em ritmo de rock house . Horrível, mas tudo bem. Semana passada, onde ela estava? Para minha decepção no Ídolos do SBT. Era o fim da carreira no Brasil. Cantou mal e sem banda.
O juri: "Não gosto de candidato que chega com a música escrita num papel para cantar. Tem que decorar. E você é muita manchete pra pouco jornal". O cara foi cruel. O outro disse "não fica". Uma jurada que não entende bulhufas de música também acompanhou o primeiro voto. E Miranda também, chegando a dizer para ela: "Vai-te embora, que o Esphereto Sattuz (o atual nome artístico dela) te acompanhe, Sônia Marques". Ela saiu. No rosto a derrota e a decepção. E eu me perguntei: "como pode uma profissional se apresentar num concurso de música que nem festival é?". Acho que agora é o fim de carreira de Sônia Marques. Ela me aprontou muitas outras paradas que não vale comentar aqui. No site da cantora só tem mentiras deslavadas. Infelizmente, estou de alma lavada.

PENSAMENTO MUSICAL
"Abrindo o verão.Rompendo a barra.Girando oitenta. Com uma canção. Bela bela negra cabeleira.Sacode morena sacode. O meu coração. Tolo, tolo, tolo. feito a brisa. Que bate de leve na gente. E segue sem direção". (Geraldo Azevedo - Carlos Fernando)

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