5/02/2008

Secos & Molhados: revolucionando a MPB



Os Secos & Molhados fez o diferencial da MPB nos conturbados anos 70
Parece que foi ontem que a banda Secos & Molhados esteve no ginásio de esportes Geraldão, no Recife, e bateu o recorde de público. Dentro e fora a platéia foi à loucura. Quem não viu, ficou ouvindo mais um espetacular show da banda que tinha Ney Matogrosso como atração principal. Mas o som era diferente. A música era rebuscada. Fazia sucesso entre o povão e os intelectuais.
O grupo foi criado pelo compositor João Ricardo, em 1971. Mas, a segunda formação foi a que quebrou todos os tabus. Tinha Gerson Conrad e a androginia de Ney Matogrosso, além, é lógico, de um figurino fora dos padrões, com os integrantes pintando o rosto (O Kiss copiou).
Ney com as suas roupas parecia um selvagem saindo de um filme de Federico Fellini. Era um espetáculo nunca antes visto na MPB. Genial. Eles pegavam o folclore português e adaptavam. Um exemplo foi a música O Vira. João Ricardo, que vivia às turras com Ney Matogrosso, era um compositor que sabia das coisas e um bom marketeiro. Pegou e musicou poesias de Cassiano Ricardo, João Apolinário, Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa. Era muita cultura e qualidade musical para uma banda brasileira.
O início não foi fácil. Antônio Carlos, o Pitoco, da formação original, resolveu sair da banda e resolveu seguir carreira solo. Foi quando apareceu a compositora Luli, que indicou Ney Matogrosso. Também entrou Gerson Conrad e a formação estava feita. A mágica e a alquimia estava realizada. Passaram um ano ensaiando e preparando a bomba de mil megatons. A primeira apresentação foi no Tetro do Meio, de Ruth Escobar, um bar-restaurante chamado Casa da Badalação e Tédio. Arrombou a festa.
Depois foram para os estúdios e passaram apenas 15 dias gravando em uma mesa de quatro canais. A capa, com a cabeça dos músicos oferecidas em pratos, também revolucionou a estética das capas de discos daquela primeira metade dos anos 70. Rapidamente vendeu 300 mil cópias, e o resultado foi que em fevereiro de 1974 os Secos & Molhados superlotaram o Maracanãzinho num concerto histórico e jamais visto. Em agosto daquele mesmo ano o grupo lançou o segundo álbum e também o primeiro disco no México num show histórico, fazendo um sucesso inesperado. Porém, graças a divergências internas (Ney afirma que o pai de João Ricardo registrou o nome do grupo e todos os direitos autorais em nome de seu filho), Ney seguiu outro rumo. Com uma carreira solo de sucesso até hoje. Os Secos & Molhados não foram mais os mesmos. O resto é lenda. É história de uma das melhores bandas de todos os tempos.

PENSAMENTO MUSICAL
"Bailam corujas e pirilampos. Entre os sacis e as fadas. E no fundo azul. Na noite da floresta. A Lua iluminou. Iluminou a festa". "Interpretação dos Secos & Molhados)

Nenhum comentário: