5/30/2008
Saudades de Toinho Alves: Valeu, amigo!
Os homens passam. As músicas ficam. Assim diz Raul Seixas em uma de suas músicas. Foi o caso de Toinho Alves, do Quinteto Violado, que deixou um legado para a música pernambucana e para a Música Popular Brasileira. O Brasil perdeu uma de suas maiores cabeças pensantes. O Quinteto Violado tinha duas cabeças pensantes: Toinho e Marcelo Mello. O primeiro era quem organizava o lado musical do conjunto que surgiu no início dos anos 70 gravando um disco antológico. O segundo, Marcelo, era e ainda é, a cabeça mais centrada para organizar a parte comercial do grupo. Isso estou escrevendo hoje, mas já escrevi antes, há muito tempo, nas páginas do Diario de Pernambuco. Recentemente escrevi uma matéria neste blog sobre o Quinteto, depois que assisti uma apresentação da banda no programa Lance Final, da Globo.
A Música Popular Brasileira ficou mais pobre com a ausência de Toinho Alves, meu amigo há muitos anos. Mesmo distante um do outro, pois faz um tempão que não nos encontrávamos, permanecíamos conectados. Conheci Toinho e Marcelo Mello quando eles me procuraram para entrar em contato com o meu irmão Watson Portela, criar a capa do álbum Até a Amazônia, além de desenhar a concepção do cenários dos shows que seriam realizados pelo Brasil. a partir daí, ficamos amigos. Eu gostava de conversar com Toinho, pois nós dois costumávamos sonhar e viajar nas idéias dele e minha. E assim foi. Lembro de uma vez que adoeci e de repente vi os Violados entrando pelo apartamento adentro e chegando no meu quarto. Toinho era assim, amigo nas horas inesperadas.
Foi devido a um convite de Marcelo e de Toinho que trabalhei (e muito bem) por alguns meses com o Quinteto Violando, divulgando os concertos do grupo e fazendo a parte de Assessoria de Imprensa. Não sei, mas Toinho perdera um irmão justamente do coração, e agora foi pego de surpresa na rede em que estava deitado no terraço de seu apartamento. Não deve ter sofrido. Assim eu espero. Deveria estar tirando uma soneca pós almoço. O que importa agora, neste momento em que todos nós amigos de Toinho e seus fãs, estamos sentindo sua falta. E que ele descanse em paz. Valeu amigo! Você deixou sua marca registrada no Planeta Terra. Deixou sua alegria. Deixou suas canções e sua contagiante alegria de viver. A coisa é mais ou menos assim. Saudade estou sentindo, mas rezo por você. Agora você deve estar em um lugar onde as estrelas brilharão mais intensas, e as cores neutras estarão mais nítidas. Dá-lhe, Toinho!!!!! Valeu, amigo!!!
PENSAMENTO
"Ói! Olha o Trem! Vai chegando detrás das montanhas azuis...Olha o Trem!! Quem vai ficar, quem vai partir. Quem vai chorar, quem vai sorrir. Pois o Trem está chegando. Tá chegando na Estação. É o Trem das 7 Horas. É o último do Sertão!!! (Raul Seixas)
5/27/2008
Um certo George Harrison
Abaixo um George já doente, com sua mulher Olivia Trindad Arias, mãe de seu filho Dhani Harrison Harrison e Patty Boyd
Tudo já estava escrito nos papiros dos deuses da música. George Harrison nasceu em Liverpool e era filho de Harold, um motorista de ônibus e ativista sindical, com Louise, uma dona de casa. Também estava escrito que ele fosse morar na 25 Upton Green, no bairro de Speke, em Liverpool, pertinho de Paul McCartney.
George tinha dois irmãos e uma irmã: Peter, Harry e Louise, e foi estudar na Liverpool Institute For Performing Boys (atual Institute For Performing Arts), justamente onde Paul estudava. Os dois costumavam pegar o mesmo ônibus para ir para a escola, e o que surgiu foi uma amizade que durou até o fim da vida de Harrison. E quem foi que o apresentou a John Lennon? Todo mundo sabe a história que não precisa ser repetida. Mas antes, aos 12 anos, o garoto George comprou sua primeira guitarra, uma Egmond. Só depois conseguiu comprar uma guitarra mais decente: Hofner President, quando ele formou a banda The Rebels, com seu irmão Peter e um amigo chamado Arthur Kelly. Em 1958 encantou John Lennon e entrou na banda Quarrymen. "Depois(que McCartney foi admitido na banda de John) o Paul me apresentou para o George, e eu e Paul tivemos que tomar uma decisão, ou eu tive de decidir se deixava ou não o George entrar. Eu ouvi o George tocar e disse: toque Raunchy... e deixei ele entrar....".
Dhani Harrison herdou o talento do pai
George Harrison foi o primeiro Beatle a visitar os Estados Unidos, quando ele, em 1963, foi visitar sua irmã Louise, em Benton, Illinois, em setembro de 1963. No ano seguinte ele voltaria com os Beatles na antológica turnê americana dos quatro jovens de Liverpool. Sua primeira canção Don't Buther Me foi composta em 1963 e lançada no segundo álbum dos Beatles.
Em 1966 ele casou com a bela Patty Boyd, mas teve aquela história da paixão doentia de Eric Clapton, que terminou arrancando a moça dos braços de George. Porém, os dois continuaram amigos até o fim. Em 1978 Harrison casou com Olivia Trindad Arias, que lhe deu o único filho, o também guitarrista e compositor Dhani Harrison.
Os primeiros sinais de câncer em George Harrison começaram a aparecer na década de 90, nos pulmões, e ele passou por diversas cirurgias para elimina-los. Não houve jeito, e no Novo Milênio ele foi diagnosticado como estado terminal, morrendo em 2001, aos 58 anos, a mesma idade que tinha sua mãe, que morreu de câncer em 1970. Aliás, a família foi devastada pela doença: depois de Louise (mãe) foi a vez de Harold, aos 70 anos de idade. Seus irmãos também morreram de câncer: Harry nos anos 90 e Peter em 2007.
PENSAMENTO
"Nós éramos um espetáculo, e o que faziamos era fantástico. Quando tocávamos rock direto, ninguém se igualava a gente na Inglaterra" (John Lennon)
5/26/2008
Sir Paul McCartney
James Paul McCartney conheceu John Lennon em 15 de junho de 1956, num festival de música da escola. Logo ele estava tocando
com John: "Eu tinha o grupo, eu era o cantor e chefe; depois
Ele e sua nova namorada Nancy Shevell
encontrei Paul e tive que tomar uma decisão também - de ficar ou não com ele no grupo. Será que seria melhor ter um cara melhor que os outros que eu tinha (Bill Turner, Pete Shotton e Len Garry) ou não? Tornar o grupo mais forte, ou continuar eu sendo o mais forte? A decisão foi deixar o Paul entrar e tornar o grupo mais forte...", declarou Lennon, certa vez.
Antes do nome definitivo de Beatles, a banda de Lennon teve outros nomes: The Blackjacks, Nurk Twins (com a entrada de Paul), The Quarrymen (em homenagem ao Quarry High School), Johhny and the Moodogs, Long John and the Silver Beatles, The Silver Beatles e finalmente The Beatles. Recuando no tempo, James Paul McCartney nasceu no Hospital General de Liverpool, onde sua mãe Mary tinha sido enfermeira anos antes. Seu irmão Michel nasceu em janeiro de 1944. Sua mãe era católica e seu pai Jim era um protestante que depois tornou-se agnóstico. A família era de ascendência irlandesa.
Com 11 anos de idade Paul McCartney passou a frequentar a escola Liverpool Institute, e no ônibus conheceu George Harrison, que se tornaria um de seus melhores amigos e também o guitarrista dos Beatles. Tudo caminhava bem até que, com 14 anos, Paul perdeu a mãe, que morreu de mastectomia para conter um um câncer nos seios. Diferentemente de John Lennon, que também perdeu a mãe (atropelada), James Paul sentiu a perda da mãe mas não fez disso um motivo de derrota. Paul é e sempre foi um cara mais centrado. a vida deve correr seu rumo até o fim. Seu pai que trabalhava vendendo algodão, tentou lhe incentivar na música lhe dando de
presente um trompete. O garoto não quiz saber do instrumento e pegou um violão. A música está em suas veias, poi seu pai Jim McCartney tinha sido pianista e trompetista de bandas de dança de salão nos anos 20.
A outra história todo mundo conhece: Paul entrou nos Beatles, tornou-se famoso e rico. Quando a banda se desfez, formou uma banda chamada Wings e depois partiu para a carreira solo. Ele soube da notícia do assassinato de John Lennon quando acordou naquele fatídico dia de dezembro. Paul ficou triste e deprimido, pois havia telefonado para o amigo para lhe dar os parabéns pelo disco Double Fantasy. A crítica malhou o pau em McCartney, dizendo que ele
havia recebido a notícia de John sem demonstrar nenhuma emoção. Ledo engano: no dia seguinte à morte do amigo, o baixista, cantor e compositor passou um longo tempo chorando e vendo os noticiários pela televisão. Depois, resolveu passar o tempo nos estúdios para tentar não pensar no assunto.
A morte de John deixou Paul meio paranóico, e ele passou um bom tempo sem fazer shows ao vivo com medo de ter o mesmo fim do seu ex-parceiro e amigo. Em 1981, ele paerticipou de um disco feito por Geroge Harrison em homenagem a John Lennon, que contou também com a participação de Ringo Star. Al Thosey Years Ago é o nome da música-tributo a John.
McCartney fez vários discos depois disso, entre eles Strawberries Oceans Ship Forest (1993) e Rushes (1998) com o pseudônimo de The Fireman. Os dois trabalhos são de música eletrônica. Paul também fundou a MPL
No alto ele e a ex Heather Mills
Comunications, que cuida de seus direitos
autorais e tem no catálogo outros músicos, entre eles Buddy Holly e Meredith Wilson.
Sendo o mais mulherengo dos Beatles, Paul noivou com Jane Asher em 1967. O sonho acabou quando Asher, depois de uma viagem em 1968, voltou para casa e encontrou Sir Paul McCartney deitado na cama com outra mulher. Foi então que o músico que já flertava casou com Linda Eastman, com quem teve dois filhos e ainda adotou mais uma do casamento anterior de Eastman. Atualmente Paul tem quatro netos e uma filha pequena, Beatrice, filha de sua união com Heather Mills. Houve uma briga tremenda entre os dois, com a mulher acusando o ex-marido abertamente de lhe ter espancado e de ser um consumidor de drogas. A verdade é que, o velho Paul não perdeu tempo e já está com a socialite americana Nancy Shevel, tendo sido fotagrafado em uma ilha da Antígua entre braços, abraços e beijos. Afinal, o cara tem um patrimônio de 700 milhões de dólares e não vive sem mulher.
PENSAMENTO
"O ruim em se tornar adulto é ver a morte dos pais dos amigos dos velhos tempos" (Paul McCartney)
5/23/2008
Ringo, livre, leve e solto em 2008
Riichard Starkey, o Ringo Star, que se tornaria famoso por tocar nos Beatles, tinha tudo para ser um fracassado. Morava com a mãe Elsie Starkey e o padastro Harry Greves num bairro pobre de Leverpool. Ringo teve sérios problemas de saúde durante sua infância e passou num total de três anos internado em hospitais de Liverpool. A situação foi tão crítica que ele, aos 15 anos, mal sabia ler e escrever devido ao atraso na escolas por faltar as aulas.
Mas isso não impediu que ele, aos 17 anos, formasse sua primeira banda com o amigo Eddie Clayton, a The Eddie Clayton Skiffle Group, se apresentando na própria cidade de Liverpool. Dois anos depois, aos 19 anos, juntou-se ao conjunto Kaving Texas, que tinha como cantor Roy Storm. Depois, a banda passou a chamar-se Roy Storm and the Hurricanes, com o baterista adotando o nome artístico de Ringo Star e fazendo uma turnê com o conjunto pela cidade de Hamburgo, na Alemanha, em 1960. Paul McCartney, John Lennon e George Harrison foram três dos espectadores que assistiram diversas vezes os shows da Hurricanes. Um jovem Ringo, em 1964
Quando Peter Best foi dispensado dos Bleatles por Paul e John (eles não gostavam do temperamento explosivo de Best), Ringo foi o escolhido para ser o mais novo integrante da que se tornaria a banda mais famosa do mundo. Durante toda a sua carreira nos Beatles, ele foi severamente criticado por outros músicos, que diziam ser ele um baterista fraco e sem técnica. Ringo respondeu da seguinte forma: "Dizem que eu não toco muito bem, mas sou o baterista da melhor banda do mundo...Logo sou o melhor baterista do mundo". Pois é, e Ringo tinha razão. Quem não queria ser o baterista de uma certa banda conhecida como The Beatles?
"Ringo era um astro em Liverpool. Um baterista profissional que cantava e executava, tinha o conjunto Ringo Startime, um dos melhores da Inglaterra. O talento de Ringo desabrocharia, de uma forma ou de outra - como ator, baterista, cantor, não sei. Havia algo de promissor nele e ele teria despontado com ou sem os Beatles. Ringo é um demônio de baterista. Não é tecnicamente bom, mas penso que a bateria de Ringo é subestimada", disse John Lennon, certa vez.
PENSAMENTO
"Não podemos deixar de agradecer à CIA e ao Exército pelo LSD. Eles inventaram o LSD para controlar as pessoas e o que nos deram foi a liberdade". (John Lennon)
5/20/2008
Balada de John & Yoko (01)
Quando o sujeito fica famoso as lendas começam a aparecer. Foi o caso de John Lennon. Boatos diziam que o ex-Beatle, antes de ganhar muito dinheiro, morava num bairro miserável da zona portuária de Liverpool. Pura invenção. O compositor, cantor e guitarrista inglês morava numa casa confortável na Menlove Avenue, 251.
"...Depois que deixei de viver em Penny Lanne, mudei-me para a casa de minha tia, nos subúrbios de Londres, um lugar simpático, meio isolado, com um jardim e médicos e advogados (morando na mesma localização) - Não exatamente a promíscua imagem de miséria que todas as histórias sobre os Beatles haviam projetado...". Foi a famosa Tia Mimi, que era casada com um senhor chamado George, quem deu os primeiros instrumentos musicais ao sobrinho que um dia ficaria famoso no mundo inteiro: um belo violão e um banjo. Foi a iniciação de John Lennon na música.
John Lennon e sua mãe Julia Stanley
John deveria se chamar John Stanley Lennon, mas como seu pai Alfred Lennon resolveu prestar uma homenagem a Sir Wiston Churchil, batizou o filho com o nome de John Winston Lennon. John nasceu em 09 de outubro de 1940, às 18:30 horas, no Liverpool Maternity Hospital. O casamento entre Alfred e Julia Stanley foi desfeito em 1942, quando ele abandonou a família e se mandou pelo mundo (ele era marinheiro), regressando em 1945. Julia não quis mais saber do ex-marido e havia entregue o filho John para ser criado por sua irmã Mimi. Certa feita Alfred tirou John Lennon da casa de Mimi e o levou para Blackpool. Seus planos incluiam levar o filho com ele para a Nova Zelândia. Mas, a mãe do garoto chegou, acabou a festa e devolveu o filho para a irmã cuidar.
Lennon e sua primeira mulher, Cynthia Lennon
Na vida de John Lennon só três mulheres foram importantes para ele: Tia Mimi, Julia Stanley e Yoko Ono. Com relação a sua primeira mulher, Cynthia Lennon, com quem casou quando ainda não era famoso, e que lhe deu o primeiro filho Julian Lennon, ele não falava muito sobre ela. Sua mãe era especial para ele, principalmente por ter uma mentalidade aberta para o novo. Uma vez John foi visitar sua mãe e ela estava no maior embalo dançando ao som da música Rock Around The Clock, de Bill Halley and the Comets:"Este é o rei da música!", disse ela a John.
Quanto a Yoko Ono ele simplificou todo o seu amor por ela: "...Eu começava a querer sair, mas quando se conhece Yoko é como conhecer a primeira mulher de sua vida. Deixam-se os companheiros de bar. Não se vai mais ao futebol. Nem jogar sinuca. Nós nos casamos três anos depois...". Quando Lennon se separou por um ano e seis meses de Yoko, não aguentou a barra e ligou para ela: "não estou gostando disso. É uma enrascada. Gostaria de voltar para casa...Por favor!", implorou o artista.
PENSAMENTO
"Quando você tem 16 anos, está certo ter companhias e ídolos masculinos. É a coisa da tribo, do grupo, tudo bem. Mas, quando você faz isso aos 40, significa que, na cabeça, você não passou dos 16".
5/17/2008
A cena está fervendo no Recife
A A cena musical pernambucana está pegando fogo. Está retomando o tempo perdido, e ainda bem que não fala mais de mangue (o movimento foi importante, na época). No Recife, mais particularmente no auditório da Livraria Saraiva, no Shopping Center Recife, dia 24 de maio, às 17h, a excelente banda Asteróide B-612 grava seu primeiro DVD acústico. Formada em 2002, o conjunto tem como referência o "movimento undigrudi", que aconteceu na capital pernambucana na década de 70. Portanto as influências são várias, de Beatles a Ave Sangria, passando por Marconi Notaro e Mutantes. Botaram tudo num liquidificador cultural e saiu um som pra lá de original. Explorando uma linguagem experimental, o Asteróide é formado por Zeca Viana (ex-Viana Lorax), David Adonai, Petrus Portella, Matias Brito e Mário Guerra. O grupo já lançou cerca de três Eps. No concerto acústico a rapaziada apresentará canções revisitadas para o formato e proposta do espetáculo. Vamos lá!!!!!!!!
Enquanto isso, passando o calendário, no dia 15 passado a cantora Klébi Nori lançou o seu quinto CD, que tem o título DAQUI. Compositora de primeira linha, ela faz sucesso com um pop-rock e canções românticas. Que foi ver a menina, viu e gostou do show. Portanto, agora é comprar o disco e ficar ouvindo músicas de primeira qualidade.
Meu amigo Erasto Vasconcelos também lançou seu CD. Que maravilha! eu torço pelo cara que é gente de uma grandeza fora do normal nesse país de banguelas. No disco, Erasto reativa o cancioneiro popular a partir das raízes pernambucanas. O trabalho foi gravado em 1986, mas sabe como é? Erasto Vasconcelos para lançar algo pensa e repensa, pois é muito crítico com relação ao seu trabalho artístico. Participam do CD banda Tush (já acabou), Nação Pernambuco, Coração Tribal (sumiu do mapa), entre outros. Procurem o disco do Erasto. Vale investir numa boa produção musical.
Olha Klébi Nori aí
PENSAMENTO
"A coisa de que mais tenho medo é envelhecer. Os velhos se ressentem com os jovens e vice-versa" (John Lennon)
5/14/2008
Waldick Soriano: vítima das próprias ações
A vida é assim. Um vai e volta miserável. Como diz Raul Seixas, com propriedade, se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou. É assim com todos os seres viventes desse Planeta abençoado por Deus. Recentemente eu soube que o Waldick Soriano estava bem mal. E neste final de semana fiquei sabendo que a atriz e diretora de cinema, a bela Patrícia Pillar pegou sua grana e internou o cantor num hospital para cuidar da próstata. Ninguém sabe se tem jeito, mas o importante é a atitude da moça que fez um documentário com o artista.
Estive com Waldick em duas fases. A primeira nos anos 80, quando ele estava lançando um disco. A segunda na década de 90, quando ele sofreu uma operação de emergência para implantar três pontes de safena no velho peito aberto.
O médico recomendou a Waldick que ele tomasse uma dose de uísque de vez em quando. Mas o cantor não levou a recomendação ao pé da letra e, quando estava recuperado, voltou a tomar seu litro de uísque por dia. É... Durango Kid, como o apelidaram, realmente se sentia um herói. Com a vida cheia de problemas com mulheres, perdendo a grana que ganhava, perdendo imóveis, Waldick caiu na decadência. Os shows eram poucos e os cachês minguados. Não cuidou das finanças e se deu mal. Precisou aparecer um anjo com a cara de Patrícia Pillar para reavivar o mito. Fez um documentário de sucesso com o cantor e ganhou até prêmios. Praticamente Patrícia ressucitou o homem Durango Kid, ou melhor , Waldick Soriano, que já havia morrido para a vida artística e tinha esquecido de deitar. No ano passado eu cheguei a assistir a uma participação dele num programa de Sílvio Santos. Waldick já estava capenga, com as mãos trêmulas e mal conseguindo ficar de pé.
Vamos ver se ele se recupera (acho difícil), pois tudo pode acontecer nessa vida. Porém ele está fora de cena. Foi nocauteado por seus próprios méritos. Fama, mulheres, dinheiro e muita farra. Vai ver que o cara é daqueles machão que não quer levar o dedão na hora de examinar a próstata. Confesso que fico meio assim. Mas, faz parte do jogo fazer esses exames anuais para saber se a bicha (próstata) cresceu e se tornou um tumor maligno. Pois é, a próstata é o tormento de todo homem. Mas se ela tá lá, e tem que ser examinada, que seja, pois.
PENSAMENTO MUSICAL
"Eu quero levar uma vida moderninha. Deixar minha menininha sair sozinha. Não ser machista e não bancar o possessivo. Mas eu me mordo de ciúme". (Roger, do Ultraje a Rigor)
5/12/2008
Renato & Seus Blue Caps: na história da MPB
Renato & Seus Blue Caps: Paulo Cezar Barros, Renato Barros, Tony, Carlinhos e Cid, nos velhos bons tempos
Já faz tempo. Pouco depois do programa Jovem Guarda comandado por Roberto Carlos. Renato veio ao Recife para tocar numa boate em Piedade. Naquele início dos anos 70 boates é que não faltavam. Também não faltavam atrações. Eu estava numa boa do outro lado, enchendo a cara, quando me avisaram que a banda Renato & Seus Blue Caps estava numa outra casa, se apresentando. Saí correndo de onde eu estava, pois nunca tinha visto os meninos de perto.
Cheguei lá com a tal boate (que hoje me esqueço o nome) superlotada, mas a tempo de ver e ouvir Eu Agradeço Pela Atenção. Era a música de despedida dos shows que Renato fazia. Fiquei fascinado com som. Com o figurino da turma e com a música, com uá-uá e tudo. Fiquei feliz e mais bebum, porque depois voltei a encher a cara. Minha namorada me olhava assim: "Hummm! Bababaca!". Pois é, foi legal e no dia seguinte, com ressaca braba, só pensava no som da melhor banda que o Brasil já conheceu. Até o Paul Mc C artney reconheceu isso num livro que escreveu.
Descrever o som de Renato & Seus Blue Caps torna-se quase impossível. Os caras são bons. Ainda hoje seus discos daquele período provam isso. Ouvir um MP3 com as canções da banda é êxtase puro.
Para um conjunto que nasceu batizado de Bacaninhas do Rock da Piedade (bairro do rio de Janeiro onde a turma morava) até que os irmãos Renato Barros, Paulo Cezar Barros e Edson (Edinho - Ed Wilson) Barros foram além do além dos limites da fama e do sucesso. O som de Renato vem passando de pai para filho e pegando os netos. É verdade.
Já tive a oportunidade de estar com Renato por diversas vezes. Ele é um cara simples e sem frescuras nem estrelismos. Lembro que fui para o hotel e estava nervoso. Dentro do carro eu pensava: "Pô!!! Vou ter uma entrevista exclusiva com Renato". Foi o que aconteceu. Liguei o gravador dentro do apartamento do hotel e começamos a conversar. Renato me contou cada história dos bastidores dos shows e da indústria fonográfica que, infelizmente não posso escrever aqui. Ficou sendo um segredinho legal. Mas eu saí feliz, pois afinal de contas com a exclusiva de Renato Barros, demos um furo no concorrente.
Interessante é que Renato só estourou quando Carlos Imperial jogou um disco dos Beatles para ele e disse: "Vocês vão tocata música desses caras aí amanhã! Eles estão estourados na Europa". Renato levou o compacto com a música I Showd Have Know Better (Lennon-McCartey) para ouvir e ensaiar. Mas o inglês não tinha jeito de sair legal. Renato não pensou duas vezes e fez uma versão que se tornou Menina Linda. No dia seguinte, com a apresentação da música (que Imperial pensava que seria apresentada em inglês) o auditório foi ao delírio e pediu biz diversas vezes. Foi o que faltava para Renato & Seus Blue Caps gravar mais um disco e dessa vez entrar nas paradas de sucessos e na história da Música Popular Brasileira.
PENSAMENTO MUSICAL
"Eu vi numa vitrine de cristal. Sobre um soberbo pedestal.Uma boneca encantadora. No bazar das ilusões. No reino das fascinações um sonho multicor. Todo de amor ". (Não sei o autor....nem o cantor)
5/09/2008
Olha o twist aí!!!!! Mas, o que é isso?
Não é preciso dizer que Chubby Checker veio logo em seguida, com as rádios tocando a música sem parar. Depois, o próprio Chubby esteve no Brasil e balançou o público com aquele seu gingado, remexendo as "as cadeiras" de um lado para o outro. Fernando Castelão aproveitou a oportunidade e lançou logo um concurso para ver qual o jovem dançava melhor o twist. O programa de Castelão ficava repleto de jovens candidatos a ganhar o concurso.
Pena que Chubby Checker apareceu num momento em que o mundo estava começando sua transformação musical com o aparecimento dos Beatles. Vamos e venhamos, dançar o twist era meio ridículo, mas eu dancei. Eu encaixava a dança do twist até em músicas de Rita Pavone. Mas valeu.
Chubby Checker, o Ernest Evans, nasceu em outubro de 1941, mas ainda continua fazendo suas apresentações. Ele nasceu em Primavera Gulley, na Carolina do Sul. Com Let's Twist Again fez sua vida e seu nome entrar para a história da música pop, mas não com o merecido reconhecimento que deveria. Porém, o cantor chegou a emplacar alguns álbuns nas paradas da revista Billboard com suas canções dançantes. Em 1964 o cara desecanou e casou com uma bela mulher, da Nova zelândia que havia conseguido ser Miss Universo, Catarina Lodders, eleita em 1962. Foi bom enquanto durou , mas ele nunca foi realmente reconhecido com uma figura importante para a cultura pop. Quem nunca ouviu, porocure escutar a canção.
5/06/2008
Eu dançava e cantava ao som de Johnny Rivers
Parei tudo e fui ver a cara do cara. Ele tá inteiraço nos seus 65 anos. Confesso: dinheiro e sucesso faz bem ao corpo. Todo homem e mulher que tem a carteira cheia de grana nunca envelhece.Né mesmo?
Pois o velho Johnny Rivers me fez voltar aos tempos da Cuba Libre (Coca-Cola com Bacardi) nas boates do Recife dos anos 70. Pois é!! Não pareço um sujeito que gosta de dançar, mas caía na farra ao som do Whiskey A Go Go. Tomava todas. Fumava todos e pegava as gatas para sair por aí no início da manhã do dia seguinte. Trêbado e pálido. Mas conseguia, às vezes, dar conta do recado com Rivers ainda ecoando nos meus ouvidos.
John Ramistella (Johnny Rivers) nasceu no dia sete de setembro de 1942, em Nova Iorque. Aos cinco anos a família mudou-se para a Louisiana. Já aos oito anos o artista começou a tocar guitarra influenciado pela música local. Então, pouco tempo depois Rivers resolveu montar sua própria banda: The Spades, ainda quando estava na Junior High Scool, e gravou pela primeira vez aos 14 anos, mas nada aconteceu.
De volta a Nova Yorque, em 1958, encontrou o famoso disk jókei Allan Freed, que se tornou conhecido por receber dinheiro das gravadoras para tocar os discos dos artistas. Freed morreu pobre e esquecido depois do escândalo. Foi o DJ que aconselhou ao cantor,compositor e guitarrista a mudar o nome para Johnny Rivers. Acertou na mosca. Em Birminghan, no Alabama, ele conheceu Audrey Williams, mulher do já famoso cantor country Hank Williams (que também criou o rockabille). O resultado é que rivers foi parar em Nashville, onde se fixou e gravou duas músicas, também sem resultado.
Porém, o homem se firmou como compositor. Até que em um dia qualquer de 1960 o guitarrista James Burton, que tocava na banda de Rick Nelson, convenceu o astro a gravar uma canção de Johnny Rivers, que fez sucesso. Segue por aqui, segue por lá e Rivers gostava de gastar seu tempo no bar Gazzan's. Uma noite o trio de jazz faltou e Bill Gazzari, dono do local, pediu para Rivers tocar seus rock'n'roll. Foi o bastante para a casa ficar lotada todas as noites, com a platéia ouvindo covers de Chuck Barry, Jerry Lee Lews, entre outros não menos famosos, numa ótima releitura de Rivers.
Em 64, já com uma certa fama underground, Johnny Rivers foi contratado por um ano pela famosa casa Whiskey A Go Go, recém inaugurada em Hollywood, na Califórnia. O artista ficou tão famoso que terminou gravando seu primeiro álbum Johnny Rivers Live At The Whiskey A Go Go. O trabalho foi um estouro e foi parar nas paradas da revista Billboard, ficando em 12. lugar nas paradas. Aliás, foi ele quem criou o estilo Go Go, que incluía belas dançarinas.
PENSAMENTO MUSICAL
"Caminhando pelo parque. Olhando as coisas que eram de nós dois. O sorvete e o trem fantasma. Roda gigante e carrocel. As canções que nós cantamos. Displicentes passeando". (canta Paulo Diniz)
5/02/2008
Secos & Molhados: revolucionando a MPB
Os Secos & Molhados fez o diferencial da MPB nos conturbados anos 70
Parece que foi ontem que a banda Secos & Molhados esteve no ginásio de esportes Geraldão, no Recife, e bateu o recorde de público. Dentro e fora a platéia foi à loucura. Quem não viu, ficou ouvindo mais um espetacular show da banda que tinha Ney Matogrosso como atração principal. Mas o som era diferente. A música era rebuscada. Fazia sucesso entre o povão e os intelectuais.
O grupo foi criado pelo compositor João Ricardo, em 1971. Mas, a segunda formação foi a que quebrou todos os tabus. Tinha Gerson Conrad e a androginia de Ney Matogrosso, além, é lógico, de um figurino fora dos padrões, com os integrantes pintando o rosto (O Kiss copiou).
Ney com as suas roupas parecia um selvagem saindo de um filme de Federico Fellini. Era um espetáculo nunca antes visto na MPB. Genial. Eles pegavam o folclore português e adaptavam. Um exemplo foi a música O Vira. João Ricardo, que vivia às turras com Ney Matogrosso, era um compositor que sabia das coisas e um bom marketeiro. Pegou e musicou poesias de Cassiano Ricardo, João Apolinário, Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa. Era muita cultura e qualidade musical para uma banda brasileira.
O início não foi fácil. Antônio Carlos, o Pitoco, da formação original, resolveu sair da banda e resolveu seguir carreira solo. Foi quando apareceu a compositora Luli, que indicou Ney Matogrosso. Também entrou Gerson Conrad e a formação estava feita. A mágica e a alquimia estava realizada. Passaram um ano ensaiando e preparando a bomba de mil megatons. A primeira apresentação foi no Tetro do Meio, de Ruth Escobar, um bar-restaurante chamado Casa da Badalação e Tédio. Arrombou a festa.
Depois foram para os estúdios e passaram apenas 15 dias gravando em uma mesa de quatro canais. A capa, com a cabeça dos músicos oferecidas em pratos, também revolucionou a estética das capas de discos daquela primeira metade dos anos 70. Rapidamente vendeu 300 mil cópias, e o resultado foi que em fevereiro de 1974 os Secos & Molhados superlotaram o Maracanãzinho num concerto histórico e jamais visto. Em agosto daquele mesmo ano o grupo lançou o segundo álbum e também o primeiro disco no México num show histórico, fazendo um sucesso inesperado. Porém, graças a divergências internas (Ney afirma que o pai de João Ricardo registrou o nome do grupo e todos os direitos autorais em nome de seu filho), Ney seguiu outro rumo. Com uma carreira solo de sucesso até hoje. Os Secos & Molhados não foram mais os mesmos. O resto é lenda. É história de uma das melhores bandas de todos os tempos.
PENSAMENTO MUSICAL
"Bailam corujas e pirilampos. Entre os sacis e as fadas. E no fundo azul. Na noite da floresta. A Lua iluminou. Iluminou a festa". "Interpretação dos Secos & Molhados)