O dia mundial do rock foi festejado neste domingo, dia 13 de julho. Abaixo transcrevemos matéria publicada no MSN.
por Sarah Lee
Caretice? Nasi desvenda o Rock e a sua data
O logo do Live Aid |
13 de julho, Dia Mundial do Rock; você sabe por quê? Acha que é uma data aleatória? Pois antes de ligar o som no último volume ou curtir um dos shows que acontecem nesse dia, saiba de onde surgiu essa comemoração.
O Dia Mundial do Rock é comemorado no dia 13 de julho desde 1985, quando aconteceu o Live Aid – festival pelo fim da fome na Etiópia. O evento aconteceu simultaneamente na Filadélfia (Estados Unidos) e Londres (Inglaterra), reunindo nomes como Black Sabbath, Mick Jagger, David Bowie, Queen, Bob Dylan, The Who e Phil Collins, entre outros.
O festival organizado por Bob Geldof e Midge Ure arrecadou cerca de 150 milhões de libras (aproximadamente 283.6 milhões de dólares) para o fundo contra a fome na Etiópia; tão bem sucedido que a partir de então o dia 13 de julho ficou sendo o Dia Mundial do Rock.
Agora você já sabe tudo sobre a data, mas... e sobre o rock? Para isso, o ONNE conversou com quem entende do assunto – o roqueiro Nasi, ex-vocalista do IRA!.
O roqueiro Nasi |
ONNE – Hoje em dia, a música em geral, e o rock também, é muito rotulada - classic rock, metal, grunge, new metal, emo – afinal de contas, o que é o rock?
Nasi - O rock passou por tantas transformações ao longo de 50 anos, tantos gêneros musicais foram misturados àquele ritmo criado pelos negros americanos, misturando elementos do blues, r&b e até do country (popularizado por artistas brancos como Elvis Presley e Jerry Lee Lewis) que é difícil você dizer o que é e o que não é rock em termos musicais, estritamente. Ao longo de 50 anos o rock foi misturado com música indiana, música eletrônica, com rap, com funk, com reggae, enfim, praticamente com todos os gêneros populares de música do mundo ocidental recente. Agora, eu acho que o que ainda restaria pra poder distinguir o que não é rock é uma certa postura jovem, jovial, uma música que se propõe a quebrar paradigmas e, digamos assim, estruturas de comportamento, e que seja um pouco barulhenta. Um pouco não, suficientemente barulhenta para chamar a atenção dos vizinhos.
ONNE - Na cena musical atual, você acha que isso ainda acontece, ou acha que tudo ficou meio molenga demais?
Nasi - Olha, a gente vive um mundo bem diferente daquele do rock da década de 50, em um pós-guerra, com a juventude precisando de uma liberação da sua sexualidade e da sua auto-suficiência maior; às vezes ficam inventando muitos nomes pra mesma coisa, eu acho que o heavy metal é o rock levado as últimas conseqüências de volume e de amplificação de instrumentos. E acho que existe um rock mais sinfônico, mais erudito, e um rock mais simples, que muitas vezes as pessoas chamavam de punk rock. Eu acho que o rock, como qualquer expressão artística, reflete o mundo em que vivemos, então se na década de 60 nós tivemos, por exemplo, um rock mais rico de conteúdo, é porque vivíamos uma época de mais conteúdo no pensamento humano, e hoje em dia eu acho que a gente vive um marasmo de um mundo extremamente rico em informação, mas extremamente pobre em reflexão. E quanto também à questão de estar mais chato ou não, eu acho que depende do ponto de vista, eu acho que cada geração sempre acha o seu rock mais interessante. Eu acho que o rock que eu curtia no final da década de 70 mais interessante que o da época dos meus tios, e acredito que a garotada de hoje deve achar o seu mais interessante do que o que eu curtia.
ONNE - E hoje em dia, o que você acha mais interessante?
Nasi - Olha, em termos de rock a coisa mais interessante que eu acho que surgiu foi o White Stripes, acho diferente por ser uma dupla, e que mexe no imaginário das pessoas, que não sabem se são casados ou se são irmãos, deixa até uma sombra de incestualidade no ar, é bateria e guitarra, uma formação praticamente inédita, e ao mesmo tempo eles lidam com registros e influências de músicas muito primitivas, como o blues; acho uma coisa muito diferente de tudo o que eu já vi antes.
ONNE - Você acha que é válido ter um dia pra comemorar o rock? Qual a importância de uma data como essa?
Nasi - (risos) Eu acho que a importância é principalmente pras revistas e pros sites como esse, que têm que entrevistar roqueiros como eu em um feriado (a entrevista aconteceu dia 9 de julho em SP), mas sinceramente, eu acho uma coisa bacana; uma coisa é verdade, o rock é um cinqüentão, é uma música que fez parte da transformação do homem em vários momentos, teve vários significados, então não deixa de ser hoje em dia compreensível que se estabeleça um dia para contemplá-lo. Mas como roqueiro, isso pra mim às vezes não tem sentido nenhum, porque o rock por existência é anti-institucional, anti-formal, contra-cultural até, então estabelecer um dia para é uma caretice muito grande, então eu acho também que a gente não deve levar isso muito a sério. É bacana, então que sirva para durante uma semana a gente ter mais show de rock, ter mais matérias sobre o rock, mas não é algo a ser levado muito a sério.
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