Eu Te Amo Meu Brasil: o fim dos Incríveis e da dupla Dom & Ravel

A dupla de cantores e compositores Dom & Ravel lançaram os Incríveis no abismo

Pense numa época em que você só podia ler os livros que o governo da ditadura militar permitia. Também pense que, enquanto a seleção brasileira de futebol se tornava campeã nos gramados do México, estudantes, intelectuais e artistas eram torturados, exilados e mortos. Foi sob esse clima que o governo militar encomendou a Don & Ravel "um novo hino para a juventute (alienada) verde e amarela.
Don (que morreu em 2000) e seu companheiro de dupla, Ravel, faziam canções por encomenda ou então aqueles do tipo "essa vai agradar aos militares". Foi assim que também compuseram Você Também É Responsável. Porém, a coisa ficou preta quando, em 1970, finalmente os Incríveis lançaram o tal "novo hino do Brasil" para a juventude verde-e-amarela.
Eu Te Amo Meu Brasil estourou até embaixo da cama de quem lutava contra a ditadura. As rádios, obrigatoriamente, tocavam a marchinha o dia inteiro, dia após dia. Meses... Porém, aos poucos os discos começaram a aparecer arranhados. Os contratos para shows com os Incríveis e com Dom & Ravel se tornaram escassos. As rádios foram diminuindo a execução. Houve uma "consciência" de que nada empurrado pela goela abaixo perdura. Moral da história: Os Incríveis foram banidos da mídia. Quem tinha discos da banda queimou, e os rapazes desapareceram. Tinham se tornado malditos. Foi o fim. Eu por exemplo, não aguento ouvir Eu Te Amo Meu Brasil até os dias de hoje. Para Dom & Ravel o "obscurimato", mistura de obscuro com anonimato. Foi o fim. Recentemente Ravel apareceu tristemente para recordar suas épocas de glória. Estava cego e de óculos escuros, e sem trabalho.